quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Relato: Aventuras de um Viajante Solitário

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Aventuras de um Viajante Solitário

Uma jornada de 48 horas em busca de sucesso e outras coisas

Por Thiago Damasceno

           
Quem acompanhou os últimos meses de atividades do Viajante Clandestino sabe que julho foi empolgante, existencialmente e musicalmente. Tocamos na nossa cidade natal maranhense com nossos velhos amigos da banda Blackout. Foi inesquecível, excitante e eufórico. Depois dessas férias, nossos modos de vida nos separaram em cidades e estados. No caso específico do Viajante, eu em Goiânia e Heitor em Brasília. Continuamos tocando individualmente, mas nos juntamos sempre que possível e necessário. Este texto é sobre o que fiz nos dias 17 e 18 de outubro, quarta e quinta-feira. Nunca pensei que iria tão rápido de uma emoção pra outra.

Dois concursos musicais abriram este mês: O 2º Festival do Brasil Park Shopping, em Anápolis, e o concurso musical SESI Canta Cerrado, no SESI de Goiânia. Pro primeiro, poderiam ser enviados dois vídeos de músicas autorais até o dia 19, sexta-feira. Pro segundo, apenas um vídeo. Tratei de gravar “Vida de Cão” e “Andarilho Noturno”, as duas com levadas bem comerciais e que eu poderia tocar sozinho de forma acústica numa boa, pois os concursos têm inscrições individuais. Sem a câmera de Heitor, pedi ajuda a um amigo veterano da faculdade, John Maick, portador de uma câmera bem rock and roll. Pensei em gravar os vídeos no final de semana, mas por demora minha o final de semana passou sem gravarmos nada e pensei que ele não teria tempo de gravar. Ao mesmo tempo, fui convidado pra tocar nas aberturas dos dois primeiros dias do II Sineep (II Simpósio Nacional de Economia e Políticas Públicas) na unidade universitária em que estudo, a UEG de Anápolis.

I
Quarta-Feira (17/10/12)

Era cedo da manhã quando eu estava no ponto de ônibus em Goiânia esperando o veículo que me levaria pra universidade. Combinei com uma amiga pra ela me filmar com seu smartphone, já pensando que John não teria tempo de filmar, pois o mesmo não havia respondido minhas mensagens por Facebook. De repente, enquanto estava lá cantando alguma coisa do Belchior, aquecendo a voz, o dito cujo aparece com sua câmera nota 10, que filma em HD. Não entendo muito de câmeras, mas essa é das boas. No meio da rápida conversa surgiu um tripé e ele foi correndo à sua casa buscar. Chegou logo e pegamos os ônibus pra universidade.

Chegando na UEG, por volta das oito horas, me instalei no auditório e toquei até as nove. O público adorou as músicas e o indivíduo que parece que “chupa cana e assobia ao mesmo tempo”, pois eu estava cantando, tocando violão, gaita e meia-lua/pandeiro com o pé. Em muitas músicas, tudo ao mesmo tempo. Não estava mais com meus companheiros e precisava fazer o máximo de som possível pra sair um pouco da mesmice de voz e violão.


Encerrada a apresentação, fui com John aos parques da cidade gravar os vídeos. Gravamos em dois parques, o Parque Ipiranga e outro que não sei o nome, mas menor, porém tão bonito quanto o Ipiranga. Neste último foi mais engraçado, pois havia um amontoado de rocha com uma cascata artificial e alguns homens estavam trabalhando lá. Íamos gravar perto da cascata, mas o som da queda d´-água iria atrapalhar a audição da música. Mudamos de lugar e na hora da gravação percebemos que a câmera captaria o som do ciscador que um funcionário estava usando. John desceu o morro de pedras e explicou a situação pra ele, pedindo um silêncio temporário. O homem encerrou o ciscador, mas assim que começamos a gravar, ele gritou:

- Fulano! Traz a água aí!

            Bradou umas três vezes e o outro respondeu da mesma forma. Todo o barulho foi captado e não usei esse vídeo pra enviar pros concursos, embora ele tenha ficado legal, com exceção claro, da já citada gritaria.




         Voltamos correndo pra UEG pra não perder os ônibus, de forma que chegamos suados e semiacabados. Havíamos passado a manhã caminhando debaixo do sol, subindo pra cima e pra baixo pra gravar, correndo contra o tempo, etc, mas no fim deu tudo certo. Usei no título do texto o termo “Viajante Solitário” só pra causar mais drama mesmo, mas eu não estava sozinho. Estaria mais solitário no diabólico dia seguinte...

II
Quinta-Feira (18/10/12)

            Comecei o dia usando o pé esquerdo pra tocar meia-lua no segundo dia de apresentação do II Sineep. Dessa vez havia mais público e toquei por mais tempo, sendo bastante elogiado e aplaudido. A energia do público foi contagiante. Eu nem queria parar quando tive que parar. Senti que meu trabalho já estava consolidado na minha casa intelectual, a UEG.


         No dia anterior eu já havia começado as edições dos vídeos, fazendo cortes, pondo letras, etc. Por volta das cinco da tarde os dois vídeos já estavam prontos, porém, como estavam em HD, ficaram enormes. “Vida de Cão” ficou com quase 400 MB e “Andarilho Noturno”, com quase 300 MB. Era precisava de uma internet rápida, mais rápida que a da minha casa, claro. Fui até uma lan house da rodoviária, onde a hora custa R$ 6,00 mas a velocidade é rápida, de tal forma que quando quero baixar arquivos grandes, vou direto pra lá sem arrependimentos.

            “Vida de Cão” foi a escolhida pro primeiro upload pro YouTube. Quando o processo estava em 93%, a internet saiu do ar. Fiquei tenso, pois a funcionária reiniciou o modem. Contudo, assim que o sinal voltou, o upload continuou dos seus 93% e o vídeo foi todo carregado. Chegou a hora de “Andarilho Noturno” e pus mais uma hora. Quando o upload estava em 78% o maldito computador travou. Pensei que seria apenas preciso reiniciar o modem mais uma vez e o upload continuaria dos seus 78%, mas não! Seria muita sorte... Havia sinal nos demais computadores da lan house, mas no meu, não. O problema era no computador mesmo. Foi preciso reiniciar e eu perdi todo o upload!

            Saí de lá irado tal qual um deus da guerra. Usei R$ 12,00 pra postar apenas um vídeo! O upload do outro foi encerrado perto do processo e do tempo da lan house terminar. Só faltavam 15 minutos e 22%! Mesmo com tanta raiva, a esperança ainda estava viva. Em coma, mas viva. Peguei um ônibus rumo ao centro e fui pra outra lan house, com velocidade moderada em relação a lan house que eu havia saído, mas muito mais rápida que a internet de casa. Chegando lá, fui logo pegando um computador e pondo “Andarilho” no upload. Para minha surpresa, o processo foi concluído em menos de meia hora... Então usei todo aquele dinheiro em vão, pois a outra lan house, bem mais barata (R$ 2,00 a hora) fez o mesmo serviço e muito mais rápido? Pensei que sim, mas sabemos que a realidade é sempre mais complexa do que pensamos.

            Ao ver o upload concluído, abri duas abas nas páginas da internet, cada uma com as fichas de inscrições dos dois concursos e tratei logo de preenchê-las. Na pressa, errei uma (a maior das duas) e tive que fazer tudo de novo. Na hora de copiar o link dos vídeos postados na ficha, abri o “Gerenciador de Vídeos” da conta do YouTube e tive outra surpresa: o último vídeo da “Andarilho Noturno” estava postado mas em “processamento”, sendo que ainda não era possível visualizá-lo. A postagem anterior de “Andarilho”, na lan house mais cara cujo upload fora interrompido, havia dado certo!

            Sim, estava lá na conta perfeitamente o vídeo cujo upload tinha sido interrompido em 78%! O último vídeo, cujo upload foi feito em menos de meia hora, ainda estava processando e só Elvis saberia dizer quando esse processo iria ser concluído. Assim, não havia usado a fortuna diária (do ponto de vista de um universitário) de R$ 12,00 pra postar apenas um vídeo, pois os dois vídeos foram corretamente postados na lan house anterior, mesmo “Andarilho” tendo sido interrompido. Vai entender... Uma amiga chamou isso de “Conspiração cósmica”.

            Sem querer esperar mais pelo processamento do vídeo e sem querer filosofar tanto sobre as conspirações cósmicas, mandei os vídeos pros concursos e aguardo resultados. Agora, seja o que o Cosmos quiser!

P.S: Assim que acabarem as eliminatórias dos concursos, postarei os vídeos gravados.


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